A Diretora de Arte e a Artista, da necessidade de solucionar anseios alheios a minha necessidade. 
Mesmo que sejam divergentes elas se mesclam e se encontram, convivendo no mesmo espaço e fazendo parte de toda a minha construção e bagagem criativa.
 Como artista tenho, por necessidade de alma, o hábito do desenho e escrita catártico no meu cotidiano em meio a folhas soltas, rascunhos e qualquer superfície que se faz presente, através de um processo automático, fora de raciocínio de como se apresenta ao mundo e como o mundo verá.
Sou atraída ao universo paralelo, lúdico e fantasioso, solto e não preso à realidade, onde as subjetividades se entrelaçam em meio ao processo criativo. Este universo fantasioso que em mim habita é o mundo onde vivem esses seres, é onde existem as “cabeças de balão” que sempre me acompanharam desde criança em meus desenhos. Eles saem de mim nesse processo corporal (gestual) e mental (catártico) e ao serem expelidos se tornam formas se fazendo vistos, sentidos e subentendidos (ou não).
A partir daí nasceu “SERES”. A luva é a leve película que nos separa do mundo sensível, tátil ou da “mera” exposição direta a um vírus que mata, e a mesma está presente na hora do parto. O desenho nasceu através das luvas, por necessidade de nascer e por conta do momento pandêmico crítico que estávamos vivendo elas estavam ao meu alcance quando tive um desses momentos de catarse, as vestindo e ao perceber, desenhando tais seres. Cabeças em luvas, cabeças de balão simplesmente existem no meu universo e seu significado não é enraizado, é flutuante.
Enfim habitando esse meu universo os SERES vieram à tona. A partir de então fiz minha pesquisa artística em cima disto, vestindo, desenhando, enchendo, redesenhando e percebendo como agem em relação ao entorno, desde se movimentar pelo assopro e também pela mera exposição ao calor vindo da luz de uma lanterna. Percebendo suas diferentes expressões do momento que estão na mão ao que estão cheias de ar e são redesenhadas, porque as linhas se tornam menos visíveis, e quando naturalmente se esvaziam se enrugando.
Assim como ações/reações, camadas, transformações e suas movimentações o tempo também é uma noção experimentada e abordada pelo trabalho.
Então através dessas e outras práticas (que decorrem mais abaixo) surgiu uma instalação em uma floresta a noite onde os SERES habitam, um espaço psicológico e enigmático.
AVISO: aumente o volume para ter uma melhor imersão.
Seres, 2021| vídeo: 3m49. 
Sinopse: 
O vídeo leva ao espectador um diálogo silencioso com seres criados através do desenho em cima de luvas cirúrgicas cheias de ar. Os seres habitam uma floresta noturna onde só se percebe a presença humana como sombra e seus vestígios de barulho em contato com a mata, assim como outros seres que estão por lá presentes fazendo parte deste mesmo lugar.
A seguir alguns desdobramentos deste trabalho entorno da minha pesquisa artística do projeto "SERES".
São seres mutantes, com significados ambulantes, começam de um jeito e vão se modificando a cada momento.
Marcas na fina película, mesmo ser, diferentes expressões.
Resquícios.
A sombra se desfaz, a gente se esvai. O que fica? O que vai? A gente se desfaz, a sombra se esvai. O que fica? O que vai
Obrigado | NM
Mais interações em @seres_nandamoraes.
Esta é uma parte do meu trabalho final da Pós em Práticas Artísticas Contemporânea.

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